Síntese: Relatório da OCDE sobre a economia brasileira
OCDE: Brasil tem avanço extraordinário e redução da pobreza inéditaEm relatório, Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) elogia políticas econômicas e sociais adotadas em dez anos. Brasil tem boas condições para enfrentar crise global, ao contrário da maioria do planeta, e reduz
desigualdade, enquanto ela sobe no mundo. Documento também prega reformas que governo rechaça: avanços foram sem reformas.
A economia brasileira deverá crescer 3,6% neste ano, 3,5% em 2012 e 4% em 2013, prevê a organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que estima em um relatório divulgado nesta quarta-feira que o desempenho está "bem abaixo da taxa potencial de 4,5% ao ano".
Essas projeções dependem ainda, segundo a organização, de um cenário econômico global "relativamente favorável".
A OCDE prevê ainda que a inflação brasileira poderá se reduzir progressivamente, mas deverá se manter na parte superior da meta estipulada pelo governo, que neste ano é de 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Segundo a organização, a inflação brasileira deverá ser, portanto, de 6,5% em 2011. Ela cairá em 2012 para 6,2% e para 5,1% em 2013.
Para a OCDE, o principal desafio macroeconômico do Brasil "consiste ainda em reduzir a inflação sem atrair capitais voláteis".
"Reformas mais amplas são necessárias para estimular o crescimento a longo prazo, dinamizar os investimentos e reduzir ainda mais a pobreza", indica o documento apresentado pelo secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.
Algumas reformas aconselhadas pela OCDE devem ser aplicadas ao sistema previdenciário.
A organização pede ao Brasil um aumento dos investimentos, com políticas que permitam reduzir os juros e a carga fiscal.
Também destaca que o "Brasil deve dar prioridade aos gastos em infraestrutura", considerado o calcanhar de Aquiles do país.
A OCDE considera "compreensíveis" as medidas adotadas pelo país para conter a valorização do real, como a taxação temporária da entrada de capitais de curto prazo, uma medida que em outra época os organismos internacionais teriam chamado de intervencionista.
Mas a OCDE adverte que as medidas são "compreensíveis dadas as incertezas a economia global enfrenta, mas o Brasil deve confiar de maneira mais significativa na consolidação fiscal".
A instituição incentiva o governo a continuar com a política de corte dos gastos públicos, mas também estimula o país a ampliar os programas sociais que tiraram milhões de pessoas da pobreza nos últimos anos, já que, afirma a OCDE, o Brasil deve prosseguir com a redução da pobreza.
As principais bandeiras do governo Dilma Rousseff, o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recebem elogios da OCDE. O estudo diz que as transferências de recursos por meio das bolsas para famílias pobres servem para redistribuir renda e devem continuar sendo feitas. O governo também acertou ao excluir os gastos do PAC do superávit primário, a economia feita para pagamento dos juros da dívida. Promover investimentos privados continua sendo vital para estimular o crescimento no longo prazo, diz o texto.
A organização sugere duas ações para aperfeiçoar o PAC: o governo deveria criar uma regra única para compensação financeira das populações atingidas por obras do programa e focar atenção e recursos em ações prioritárias, para melhorar sua implementação. "Abastecimento de água e saneamento são as maiores necessidades", aponta o estudo.
Fonte: http://www.oecd-ilibrary.org/economics/oecd-economic-surveys-brazil-2011/refining-macroeconomic-policies-to-sustain-growth_eco_surveys-bra-2011-4-en
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