2017: Ponto de partida da economia brasileira
A economia não é apenas PIB e a avalição de como se gera riqueza num país é bem mais complexa e não pode ser ignorada. O fato é que a geração de riqueza no Brasil foi violentamente atingida nos últimos anos com os desequilíbrios gerados pela política econômica desastrosa dos governos do PT – especialmente depois da crise financeira mundial de 2008. Formar preços, contratar mão de obra qualificada, dar conta dos impostos, da mudança nas regras, da burocracia e ainda escapar da corrupção diária nas relações com setor público são os ingredientes amargos que compõem a receita dos milhões de negócios administrados no país – dos honestos também, claro!
Falando dos “grandes problemas” como inflação, juros e contas públicas, ainda temos um longo caminho a percorrer, mesmo com as boas novas sobre a queda do IPCA e o corte mais ousado na taxa de juros promovido pelo BC neste início de ano. O estrago feito pela corrosão no poder de compra e o altíssimo custo do crédito na praça foi grande demais e leva tempo fazer a travessia. É como refinanciar uma dívida enorme, com melhores condições, mas com comprometimento alto da renda por muito tempo. Para que volte a sobrar dinheiro em caixa para consumo ou investimento, a receita vai precisar aumentar.
Se no setor privado a destruição de fontes geradoras de riqueza – empresas e trabalhadores – foi truculenta, no setor público as fontes financiadoras do estado quebraram. E não estou apenas falando da queda de arrecadação causada pela recessão. A gestão do dinheiro público no país foi no mínimo desonesta em muitos lugares. Porém, ela foi, sobretudo, irresponsável e comprometedora para o futuro. A discussão sobre a reforma da Previdência nos três âmbitos – federal, estadual e municipal – é essencial, mas também é apenas o começo. Se pagarmos esta conta mas continuarmos a gerar débitos irresponsáveis para as próximas gerações, não teremos aprendido nada.
Portanto, a recuperação da economia será um processo vagaroso, mas que tem que começar por algum lugar, algum dia. E 2017 parece ser a chegada desta partida. Em entrevista ao "Estadão", o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, oferece uma outra forma de fazer as comparações sobre a economia para que a gente enxergue a retomada com mais tranquilidade. Ele diz que no último trimestre deste ano o crescimento do PIB estará na casa dos 2%, na comparação com o último trimestre de 2016 – um número bem melhor do que o 0,5% esperado pelos analistas privados e também do que o 1% estimado pelo governo para o ano fechado.
Henrique Meirelles, ministro da Fazenda: "o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter um saldo positivo nesses três primeiros meses". |
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